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Dilma Roussef : “a revolta nordestina“ 
por Pettersen Filho

Capitulo a parte na Formação da Nação Brasileira, a Região Norte/Nordeste, reconhecidamente, foi o Marco Inicial por onde chegaram, e se assentaram, os “Descobridores Europeus”, quem se instalaram ao Longo da Costa Brasileira, sobretudo com vistas a Exploração do Pau Brasil:

Primeiro, pela facilidade da Extração, e por se estender a Mata Atlântica, antes frondosa, local de “Ocorrência” da Madeira, do Norte do Estado de São Paulo até os Primórdios da Floresta Amazônica, atingindo o Estado do Maranhão, e Segundo, devido a proximidade inicial com a própria Europa.

Daí a “Colonização”, majoritariamente, ao Longo do Litoral, que deu origem á Grandes Cidades, que vão desde Salvador/BA, passando por Recife/PE e Fortaleza/CE, principais Cidades do Nordeste, algumas delas com mais de Três Milhões de Habitantes em seu entorno.

Passada, no entanto, a Ocupação Inicial, voltada à Defesa da Costa, com Fortalezas e Portos Guarnecidos, destinados a proteger a Posse Portuguesa dos Piratas, Franceses, Holandeses e Ingleses, a Ocupação, cada vez, abrigando maior Contingente Populacional, passou a se interiorizar, com a Exploração da Cana de Açúcar, na Zona da Mata Pernambucana, marcadamente, e a introdução de Rebanhos de Gado, ao Longo do Rio São Francisco, até o “Fim” do seu Ciclo, com a descoberta do Ouro no Interior de Minas Gerais e o aparecimento das Lavouras de Café, no Sudeste, quem deslocaram o “Desenvolvimento”, e os Fluxos Populacionais, para o Centro Sul e Sudeste do País, deixando, contudo, no Nordeste Brasileiro, Grandes “Bolsões” de População, há cerca de pouco mais de Cem Anos atrás, quase sem Ocupação Econômica importante, que não a Cultura dos Engenhos de Cana, já decadentes, e a Agricultura de Subsistência, quase sempre envoltos com problemas com a Seca. 

Daí, justamente, a “Eclosão”, ainda no Primeiro Império, dos principais Movimentos Revoltosos do País, A “Balaiada”, “Sabinada”, “Revolta dos Mascates”, “Praieira”, “Equador”, e outros, amplamente sufocados, e extintos, pelo Imperador, e seu “Ordenança de Plantão”, o Velho Duque de Caxias, em nome da Integração e Unidade nacionais.

Tido, desde então, como uma “Espécie” de “Fardo”, ônus, o Nordeste Brasileiro vem sendo, pelo menos, a partir do Governo Vargas, um dos focos de onde partiu a Revolução de 1930, objeto de “Políticas Especiais”, a fim de retirar, paradoxalmente, a “Segunda” Região Brasileira, em Contingente Populacional, e “Primeira”, em Miséria, do “Ciclo Vicioso”, da Pobreza e da Estagnação Econômica, procurando, cada vez mais, inseri-lo no “Pacto” de Desenvolvimento Nacional, como um “Todo” homogêneo.

Daí, o surgimento de Órgãos Especializados, tendentes ao “Fomento” do Desenvolvimento, e ao Subsidio Financeiro, tais como a SUDENE – Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste, DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra a Seca, Banco do Nordeste, e outros congêneres, firmados com base em Renúncia Fiscal do Governo Federal, e Pesados Investimentos, a “Fundo Perdido”.

Ainda assim, tratado com “Certo” Preconceito, os Nordestinos, que afluem, com algum peso, para as Capitais do Sudeste, prioritariamente Rio de Janeiro e São Paulo, ao ponto de São Paulo ser considerada, “Humoristicamente”, em pleno Sudeste, a Maior “Capital Nordestina” do Brasil, tamanho o “Contingente” de Nordestinos, quase sempre, oriundos da Seca e da Fome, que transformam o Nordeste, por “Profissão” e “Vocação”, num dos maiores Currais Eleitorais do Brasil, coisa para a qual sempre esteve voltado o atual Governo Lula, com o seu Bolsa Família e “Truques” Eleitorais, regiamente bancados pelo Governo Federal, em detrimento das outras Regiões, fazendo do “Ciclo”: “Miséria x Pobreza”, um Bom Negocio, politicamente falando. 

Recentemente, no entanto, com o “Boom” do Petróleo, da Descentralização Industrial e Pluralização da Atividade Econômica, alguns “Bolsões” de Riqueza afloram no Nordeste, com notórios “Surtos” de Desenvolvimento, transformando, por exemplo, Salvador/BA, e seu entorno, como Camaçari, com a Industria Petroquímica e Automobilística, e Recife/PE e Fortaleza/CE, com a novíssima Metalurgia, Estaleiros e Turismo, em “Expoentes” do novo Nordeste Moderno, no sentido do Desenvolvimento Econômico, retirando da Região o seu “Sinônimo” habitual de Miséria e Pobreza, tão somente. 

Contudo, inobstante, as ultimas Eleições, que levaram o “Continuísmo” do Governo Lula, ao “Poder”, via Eleição da sua Candidata, Dilma Roussef, parece, definitivamente, ter aumentado o evidente “Fosso” que, ainda, separa, meio assim por dizer, o Nordeste, das demais Regiões Brasileiras, justamente, por haver sido Ele, a “Base” de Sustentação da Candidata Dilma, flagrorosamente derrotada no restante do País, a exceção de Minas Gerais, (por questões políticas locais), perdendo, no entanto, do Espírito Santo ao Rio Grande do Sul, passando por Rio de Janeiro e São Paulo, em “Conturbado” Processo Eleitoral, quem consagrou Dilma Presidente, com majoritário “Voto” do “Subsidiado” Nordeste, - uma “Minoria” de cerca de 56 milhões, em todo o Brasil contra cerca de uma “Maioria”, por explicar a seguir, de 46 milhões de votos em José Serra, e pelo menos cerca de outros 25 milhões de votos em Branco ou Abstenções, - perfazendo um incomodo “Placar” em desfavor da Candidata Eleita, Dilma, de 56 milhões, a “Favor”, x cerca de 80 milhões “Contra”, numa estranha “Matemática”, que fazem seus novíssimos “Opositores”: 

Os quais sejam, quase todo o Sudeste/Sul brasileiros, quem, se recusam, a deixar a “Eleição” cair no “Esquecimento”, mesmo tendo se passado tantos dias do “Pleito”.

Problema Real e Palpável, com que deve defrontar-se Dilma Roussef, ao longo dos seus estimados quatro anos de Governo, uma “Quase” Ruptura do “Pacto Nacional”, em que o Nordeste, “Curral Eleitoral” de Lula, passou, definitivamente, a ser visto, como o “Ônus” da República Moderna, demasiadamente Subsidiado e Nutrido com a “Sangria” do restante da Nação, alguns “Sintomas”, ademais, já se fazem visíveis, como a recente Representação por parte da OAB/PE – Ordem dos Advogados do Brasil/Pernambuco, contra uma Estudante Paulista, quem num auge de desagravo e desespero, no Twiter, ao denotar o “Resultado” das Eleições, teria proclamado, incautamente posicionada, que os “Nordestinos deveriam morrer”, ou, outro Sintoma, ainda mais repulsivo, vindo da nova “Base” de Sustentação do Governo Dilma, partindo dos Governadores Recém Eleitos do PSB Nordestino, quem querem ver aumentada, numa já “Extorquida” Sociedade Brasileira, via Ressucitamento da CPMF – “Imposto do Cheque”, a já pesada Carga Fiscal... 

Tal sorte de “Coisas”, na verdade, reportam antiga Paródia dos tempos da Ditadura Militar, ora soando, quase que como Predestinação, então, proferida pelo Menestrel, Humorista, Juca Chaves, ao criticar o “Jogo Sujo” de Cartas Marcadas do Regime Bipartidário, Arena e MDB, quem “Indicava”, naquelas “Eleições” Colegiadas o Candidato dos Militares, quando indicou o General “Cavalheiro” Figueiredo, ao musicar a seguinte Letra:

“Upa, upa, upa, Cavalinho sem medo. Leva para Brasília o Presidente Figueiredo...”

Mais adiante, arrematando: “O Brasil tem dois Presidentes. Um no Sul, outro no Norte. O do Norte é bem mais Forte, e governa o Sul também...”

Será, que o “Comediante” Juca Chaves, naqueles primórdios, meio que, assim, um Nostradamus, tinha razão ???

Creio, sim, que embora passadas as ultimas Eleições, um profundo “Fosso” se abriu no Brasil, entre os que são Cidadãos Nordestinos, e Não-nordestinos, que moram no Pais Abaixo, quem Trabalha, Subsidia, Sustenta, mas é “Regido” pelos “Primeiros”, os quais não querem, definitivamente, deixar as ultimas “Eleições” passarem. 

Crônica originalmente postada em www.paralerepensar.com.br 

Pettersen Filho
ABDIC – Associação Brasileira de Defesa do Indivíduo e da Cidadania.
Jornal Grito Cidadão
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Tel.: 27 3315-3694
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