Educação - Os fantasmas da nossa adolescência

Remisson Aniceto

Em Pedagogia, muito se discute sobre metodologias de ensino. E métodos, há muitos, com cada educador (diretor/coordenador/professor) defendendo as razões pelas quais tal método é mais adequado aos seus educandos. 

Educadores famosos como Rousseau e Pestalozzi plantaram elementos de aprendizagem que influenciaram outros educadores mais contemporâneos: Montessori, Piaget e Freinet, por exemplo. A verdade é que não há um método perfeito para a educação das crianças e jovens, mas formas de educar, de encaminhar. E também não existe escola perfeita, senhora de si. Como dizia Paulo Freire (notável alfabetizador): "um dos grandes pecados da escola é desconsiderar tudo com que a criança chega a ela. A escola decreta que antes dela não há nada." E aí reside o maior problema, pois ninguém é senhor absoluto da verdade; o corpo docente também aprende muito com o aluno. 

Podemos seguir no caminho para a educação dos jovens nos utilizando de vários métodos, desde que sejam respeitados os limites de cada aluno e que o objetivo seja o mesmo, ou seja, permitir-lhes a possibilidade de adquirir conhecimento geral de qualidade, podendo depois demonstrar o seu aprendizado no dia-a-dia, as suas descobertas e averiguar a veracidade de outras. Ao permitirmos que os jovens tenham essa base, eles poderão, através de suas observações e pesquisas, preparar-se para a vida. 

É sabido que a formação do aluno deve ser gradual, crescente e evolutiva. Nós, a partir do nascimento, estamos livres para viver em sociedade, ainda que não estejamos preparados para isso. Ao contrário de um automóvel, que sai da linha de montagem perfeito para ser colocado em circulação, o ser humano estará sempre em aperfeiçoamento, num crescente processo de adaptação e aprimoramento. A formação dos jovens, portanto, dar-se-á a partir da convivência social, que os fará crescer e desenvolver-se continuamente, adquirindo noções de ética e cidadania, direitos e obrigações. 

Mas como educar nossos filhos? Como guiá-los corretamente na direção do melhor caminho? O que fazer para "modernizar" nossas opiniões de forma que sejam melhor aceitas por eles? Qual deve ser nossa postura diante deles, como pais? Tais indagações permeiam diuturnamente nossas vidas e vagamos entre o certo e o errado, o possível e o talvez, o querer e o poder, o negar e o conceder e as crianças, "modernas" ao extremo, percebem nossas aflições e nos encostam no muro. Elas buscam, sim, respostas para os fantasmas que as amedrontam, estes mesmos fantasmas que nos perseguiam quando éramos adolescentes e para os quais não tivemos soluções. Hoje, o que em nós não morreu, mas apenas dormia, desperta em nossos jovens para colocá-los em discordância com o que julgamos politicamente ou socialmente correto. E o que é certo, afinal? Um ato que ontem era considerado normal, hoje pode estar totalmente em desacordo com as antigas convicções. Afinal, a nossa vida ética é orientada pela nossa vontade, a vontade de aceitar ou negar o que nos é dito e o que nos é ofertado pela inteligência.

Da boa ou da má vontade nossa razão será guiada, para a virtude ou para o vício. São concepções que devemos incutir em nossos jovens, orientando-os na educação da vontade, na moderação dos impulsos fortes e desmedidos, estabelecendo os limites entre o que queremos e o que podemos e até onde devemos avançar sem ferir o querer do outro.. Os jovens devem ser orientados também para poder discernir entre o racionalismo e o emotivismo. O que não podemos é deixar tudo como está, ao sabor das ondas tempestuosas, com a juventude se deturpando, fugindo dos seus fantasmas, tão comuns nesta fase da vida, fantasmas que já foram nossos e ainda são. Estes fantasmas talvez não adormeçam mais e, aí, a juventude estará cada vez mais perdida. E a culpa, a máxima culpa, será nossa.

Remisson Aniceto

Gentileza http://remissonaniceto.bligoo.com 

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